divina ação humana
Diário de Manoela, 16 de outubro de 1991 A missa já tinha começado quando cheguei. Não que quisesse assisti-la, era mais um costume do que uma vontade de encontrar paz naqueles sermões. Fiquei na escadaria, encostada no corrimão, a olhar aquelas filas de bancos cheios de pessoas aparentemente atenciosas. Fiz o sinal da cruz, desci os degraus com a mesma calma que um padre se encaminha para o altar e sentei em um dos bancos de ferro da praça em frente. Os bancos vazios emanava uma solidão fria que previa chuva. Pessoas passavam apressadas pela praça, alheias ao vento que balançava os galhos das árvores; aos cachorros que descançavam suas vidas perto da fonte sem passarinhos bebendo água. Tudo estava vazio. A alma daquela praça não tinha mais a mesma alma das praças dos tempos passados. Faltava na alma daquele lugar amor, música e sorrisos de vizinhos que se encontram por acaso. Minha avó, nas noites que dormia em sua casa com meu pijama verde, contava-me os segredos que aquela praça ain...