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Mostrando postagens de março, 2010

arquivo aleatório

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pensar no que se está pensando

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Abro a porta de vidro E dou de cara com uma parede cheia de janelas Seguro a porta e fico observando pessoas se mexendo dentro das janelas. Alguém dobra um pedaço de pano, outro alguém passeia pelo corredor Então, lembro que alguém do outro lado pode estar olhando para a minha varanda e dizendo: -uma menina segurando uma porta de vidro. Procuro esse alguém nas janelas iluminadas e nada. Procuro nas janelas escuras algum vulto, alguma sombra, algum contorno de gente fitando a minha janela. Não, não tem ninguém. Não deve ser interessante ficar olhando para alguém segurarando uma porta de vidro. Poderia eu dançar, tirar a roupa, gritar, chamar aquela mulher que está assistindo tv. Mas não. Eu fui até a varanda pra receber um pouco de vento, ver o movimento da rua antes de dormir. Seguro a porta para não bater e começo a pensar no que estou pensando. Quando se pensa no que está pensando pensa-se que está se pensando em nada. É verdade. Testa. Agora, estou pensando que est

180

O velocímetro foca a visão. 180 km/h leva o resto do corpo. A 180, o que está fora das janelas, perde a forma estática. A 180, sente-se o mesmo frio na barriga que sente-se quando o avião está para decolar. A 180, perde-se a noção de perto. Tudo passa. Tudo já passou. Na avidez da pressa, a ignorância do que foi deixado pra trás. É questão de escolha. O retrovisor é uma máquina fotográfica sem filme. Registra tudo a 180, em tamanho reduzido e congelando por segundos a última imagem. Mas sem filme. As coisas não tem passado a 180.  Foram vultos. A 180, árvores são linhas paralelas, luzes são linhas de fogo e a vida... A vida é o que está para vir Quando se está com muita pressa, deixa-se coisas para trás. E nunca se sabe que coisas foram essas.

ruídos

Acordo sem saber que horas são. Há dias que pouco importa o que os ponteiros mostram. Em dias assim, a rotina é embaralhada, a sequência é perdida e apenas se sabe o que foi feito. Saber o que vai acontecer é o mesmo que tentar acertar a carta que está bem no meio do baralho. A janela me revela um céu nublado. Diz-me sem detalhes o que aconteceu pela rua enquanto estava vagando pelos sonhos de olhos fechados e mente aberta, bem aberta. Uma mulher caminha sozinha com uma sacola na mão, sem pressa de chegar aonde quer chegar. Ou, então, a mulher não tem onde chegar. Anda apenas por andar. É difícil imaginar uma coisa sem o seu destino final.Por mais incerto que seja, sempre imagina-se um fim. Trágico ou não. É como se a chegada fosse sempre obrigatória. É como se as coisas se convergissem para um ponto final e esse ponto final fosse sempre o objetivo . Tudo treme. As coisas mudam de lugar. Rachuduras são fecundadas ameaçando derrubar toda uma estrutura. Desvios. Uma informação. Não se