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Mostrando postagens de outubro, 2011
Assim como a arquitetura precisa do vazio, a matemática precisa do zero, a dança precisa da pausa. Não digo do momento de descanso; daqueles minutos pra beber alguma coisa e jogar uma água no rosto. Isso também é necessário, não só para o corpo, mas para a mente e para o coração. Dançar é esforço físico, isso todos sabem. É um incrível exercício mental, já que numa pequena combinação de oito tempos é preciso pensar em milhares de correções, no joelho esticado, no pé esticado, nas costelas fechadas, nos braços leves, nas direções da cabeça, nas terminações, na quinta posição, na ligação dos movimentos... Dançar também é um silencioso conflito de sentimentos. Sentimentos difíceis de compartilhar, pelo fato de crescerem sem alarme dentro de nós. Um ensaio que não sai bem, vários ensaios que não ocorrem bem. Um dia ruim. O cansaço. A vontade de chorar. O choro. Os dias de preguiça. A preguiça de se alongar. A vontade de desistir; de desligar o som na tomada de uma vez, pegar as coisa
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São todos iguais. Não, não estou falando de namorados ciumentos , de mães que reclamam das nossas bagunças , de avós que ainda acham que você é um bebê. Estou falando de quem dança. Então, deixa eu me corrigir. Bailarinos são todos iguais.   Hoje, quando vi, ela estava chorando. Mais cedo, tinha reclamado de um dor no pé, mas continuou. Fez a aula, fez pirueta, disfarçou a dor, ouviu palavras desagra dáveis de quem não sabia o que está acontecendo, mas continuou.  É o verbo que define nós bailarinos: continuar.  Uma dor aparece, continuamos. O médico manda parar por algumas, mas queremos é continuar. Enfim, paramos, mas depois continuamos. Temporadas difíceis surgem e continuamos. Algumas coreografias não se encaixam no nosso corpo, reclamamos, reclamamos, mas o jeito é continuar continuando. Já no palco, esquecemos um passo e damos um jeito de continuar. Continuar tentando. Continuar descobrindo. Continuar repetindo.  E foi quando eu a vi chorando, em silêncio, com o peso do