até o dia
Não preciso de um espelho pra saber que há algo errado, mas preciso de um pra saber o quanto há de errado nisso. Me inquieta, me tira do sério e me faz pensar incontáveis maneiras de mudar tudo. Então, chega o dia que minha vontade de ficar feliz não tem forças nem jeito de acontecer. Sem jeito. É isso. E aí, eu corto o cabelo. Cada pedaço de cabelo caído no chão é uma parte de mim que não quero mais. Se tudo se renova para surpreender, eu preciso me renovar para seguir em frente. Preciso de espaços livres, de caxias vazias e de folhas limpas. Preciso de um cabelo novo que me faça olhar no espelho pra achar forças perdidas, jeitos ousados e vontades novas. Até o dia que o cabelo cresce, as pontas duplas aparecem e o jeito ajeitado perde o jeito outra vez. Me inquieta, me tira do sério e me faz pensar incontáveis maneiras de mudar tudo. E aí, eu corto o cabelo.