Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2008
Imagem
É bom sair na rua no fim da tarde, quando o sol cansa de esquentar nossas cabeças e se esconde. Basta ter um pouco de atenção para notar os comportamentos de quem é capaz de se movimentar sem carro. Tem aqueles que passam a avenida andando, que dá um sorriso pra um conhecido, que até cantarola. Tem aqueles que andam apressados sem ter pressa, olhando para trás a cada barulho estranho, tentando deixar passar quem insiste andar atrás sem saber que está incomodando o da frente. Tem aqueles que estão voltando do trabalho; conhece-se pela expressão cansada, a roupa amassada... Tem aqueles que estão indo trabalhar; estes, conhece-se pelo cabelo molhado, o passo apressado e carreira dada quando o ônibus tal se aproxima. Tem aqueles que estão indo comprar pão, escontram um amigo na rua, começam a conversar e acabam...acabam esquecendo o que ia fazer, não me lembro agora. Tem aqueles senhores simpáticos de chapéu que vão andar e tomar sol para evitar reumatismo. Tem aqueles, os não preventivos,
O natal deixa as ruas mais iluminadas; camufla o cinza frio e as cores desbotadas dos muros. De acordo com os calendários, ontem, não era natal. Era um dia de novembro. Encontrar pessoas sozinhas que estão sozinhas porque querem andando nas ruas, não é comum. Acredite e observe. O estar só deixa as pessoas, às vezes, desconfiadas de que é o destino dos olhos das pessoas que estão por perto. Isso, pelo fato de ficar só incomoda - eu não acho. Eu tinha fome, dez reais, ninguém sendo esperado por mim e ninguém me esperando. Compro um algodão doce. Recebo nove e cinquente de troco. Algodão doce só é bom quando deixa a língua colorida, os dedos grudentos, uma sede enorme e uma vontade de comer mais. No meu caso, a fome aumentou. Pego o cardápio do restaurante e meus olhos, automaticamente, vão de encontro a tudo que é mais barato. Não, o cardápio era muito confuso. Chamo o garçom. Quem anda sem carteira, com dinheiro contado e limitado solto no bolso e pergunta o preço de tudo não chama mui

quem sabe?

Capítulo 1 - http://www.finaldagaveta.blogspot.com/ . . Capítulo 2 . Não quero mais você! Desculpe, não quero mais ele. Na verdade, não sei quem eu não quero. Foi só uma forma de prender a sua atenção e o fazer ler o texto todo até descobrir quem eu deixo de querer, ou quem estou querendo, ou quem posso querer. Un poco de audacia y no un nombre común. Nome comum o meu; tão comum que me fez perder o domínio sobre ele. Camila? Qual Camila? A Colombina da Colômbia com seu cheiro de café, o seu Pacífico e os Andes. Colombina do Brasil com seu povo, seu Atlântico e seus opostos. De acordo com as músicas e a tradição, toda Colombina tem o seu Pierrot. Coitado do meu, deve ter se perdido no caminho, ou desistiu de seguir tradição, e foi atrás de uma brasileira! Nunca encontrei alguém chamado Pierrot; nem alguém que tenha Pierrot nos documentos; nem alguém que tenha Pierrot como apelido. Pierrot é um segredo; se é sem saber.; se identifica pelas coisas não explícitas. Talvez colombina é mais d
Imagem
[início] . Levando em consideração a minha constante e assídua presença aqui, já faz um tempo grande que não converso com o chapéu. Assunto não me falta, tenho até coisa pra fazer programada - desculpa, edu , mas eu preciso pensar direito antes de começar; para mim, criar um bom começo é como se a estória toda estivesse ocultadas entre as linhas e eu só bastasse achá-las e colocá-las em um lugar visível. . . [sugestão do torto] livro: O menino do pijama listrado, de John Boyne - Cia . das Letras/ tradução: Augusto Pacheco Calil . "...embarcará em uma jornada ao lado de uma garoto de nove anos chamado Bruno (embora este livro não seja recomendado a garotos de nove anos)." . O livro não é cansativo. Os capítulos não terminam com suspenses, na verdade, é um livro sem grandes surpresas. O narrador-observador conta sobre a vida de uma família alemã, sendo o personagem principal uma criança de nove anos, Bruno. O pai, nazista, mantém contato direto com Hitler. No entanto, ess
Imagem
Hoje, uma menina disse-me que eu era a pessoa mais indecisa que ela conhecia. Se, para ela, gostar de muitas coisas ao mesmo tempo for indecisão, admito, sou indecisa; se for o sentimento de angústia e insegurança que percorre os nervos deixando uma pessoa incapaz de tomar uma atitude e ficar convicta de que fez a escolha certa naquele momento, afirmo, com uma grande certeza, não sou indecisa. Indecisão é algo momentâneo; até o último minuto busco boas justicativas para escolher tais coisas, deixando-me responsável por achar alguma razão que deixe a balança mais pesada de um lado. É o que é sentindo quando uma decisão precisar de tomada; quando entre tantas coisas precisa-se escolher apenas uma; quando se tem que decidir para onde ir. Porém o fato de escolher algo primeiramente não apaga a possibilidade de se fazer o que foi deixado para depois. Escolher demais, também não chega a ser sintoma de indecisão; passar horas escolhendo uma roupa pode ser sintoma de impaciência em ir trocar a

folhetim - 6ª parte.

Maria acordou cedo com o sol lhe esquentando a pele. Olhou pro chão a procura de Júlio. Não lembrava que horas tinha dormido e nem viu Júlio saindo. Levantou-se da rede e sentiu uma tontura; não estava bem. Maria sempre que sentia algo procurava tomar um banho - foi uma forma arranjada por ela, quando pequena, para acalmar os nervos e lavar o que lhe atormentava. Às vezes funcionava, em outras, a água servia pra confirmar e aumentar a moleza do seu corpo e o frio causada pela febre. Vestiu uma roupa qualquer - quando ficava assim pouco se importava como estava o seu visual - e foi até o restaurante. Júlio estava arrumando a mesa do café da manhã, ainda era cedo e nenhum hóspede tinha descido. -Bom dia, Maria. - Oi , Júlio. Que horas você saiu? -Não lembro, mas você já estava dormindo. Ia até lhe acordar para ir dormir na cama, mas não sabia se gostava de ser acordada. Fiz mal não ter acordado você? -Ah, não se preocupe. Tem algum remédio para alguém que está para morrer de febre e dor

folhetim - 5ª parte

Maria tomou banho e vestiu seu pijama de frio. Na realidade, ele não era de frio e nem era dela. Quando foi arrumar as malas, passou pelo quarto do seu irmão, abriu algumas gavetas e tirou algumas blusas grandes e o pijama nunca usado. Dormir com roupa que não aperta é muito melhor. Maria desligou as luzes, mas mesmo assim o a luz da lua riscava a penumbra do quarto. Deitou, não tinha sono; estava cansada, mas não queria dormir. Ligou a luz, pegou um livro e o lápis comprado na feira, e começou a moldar sua madrugada. Sua coleção de lápis era algo que a deixava cuidadosa. Não suportava ver alguém mordendo a pontinha de algum lápis. Emprestava suas canetas, suas lapiseiras, mas, quase nunca, os seus lápis. Só ela os usava. Alguém bateu na porta. Maria já desconfiava de quem era. Se levantou e foi receber a visita. -Muito educado você. -Seu pijama é horrível, sabia? -Agora, eu sei, obrigada pela gentileza. O que quer? Perdeu o sono? -Não, nem o achei ainda. Vi a luz do quarto acesa. Ou v

folhetim - 4ª parte

Passaram o resto da tarde desfilando pelas ruas, de tão devagar e sem compromissos que estavam. Maria nunca gostara das viagens rigorosamente programadas de sua mãe, mas não lhe dizia nada sobre, preferia ir e aproveitar os extintos momentos de fuga dos olhos de relógio dos seus pais... Maria, uma vez, brincava na calçada de casa, quando ouviu o chamado: -Maria, vamos entrar. Está na hora de tirar essa roupa suja e dormir. -Mamãe, amanhã é domingo! E nem estou com sono. -Deixe de questionar e vamos. Dê boa noite para os meninos. Eu sei, muito bem, a hora de criança ir pra dentro de casa. -Mamãe, esses seus olhos de relógio me irritam! Maria não tinha ânsia de conhecer o turismo da cidade. Não se importava em ficar num hotel sem luxo num bairro sem grandes movimentos. Gostava do improviso. No entanto, sempre que fazia essas suas viagens loucas, guardava o dinheiro da passagem de volta, caso viesse a não gostar do cotidiano daquele lugar. As luzes nos postes plagiavam o brilho azulado d

folhetim - 3ª parte

Maria passou pelo hotel, deixou o que comprou pela feira no quarto e pegou o papel que continha o endereço do restaurante. Lia disse que sempre ia por lá e, se caso não achasse a rua, bastava perguntar a alguém, o lugar era conhecido. Desceu a escada olhando para o papel, tentando lembrar se há tinha passado por tal rua, quando percebeu que tinha alguém descendo atrás dela. Maria, desde que se mudou para uma casa de tinha escada quando era pequena, não gostava de descer sabendo que poderia ser empurrada escada abaixo por alguém apressado. Parou e esperou quem estava vindo passar. -Boa Tarde - disse Maria distraída, acostumada com essas paradas nas escadas -Olá. Por que está parada aqui? -Por nada. Bem, estava esperando você passar. -Quer me conhecer, não é? Tudo bem! Prazer, Júlio. -Não é isso! Nem sabia que era você. Afinal, nem lhe conheço. Esquece, você não entenderia. Meu nome é Maria. -Maria é um nome forte. -Obrigada. O seu é... -O meu não é nada. Você quer é me agradar. -O seu é

folhetim - 2ª parte

Bem, não tinha viajado apenas com o objetivo de conhecer o tão descrito lugar. O conhecia bem, mas queria vê-lo, ver quem por lá vivia. Quem nasce em St . Jouet Pies é o que? St . Jouet Piense ? Não sabia, e não saber era algo que a deixava com vontade de falar. Não sabia por onde começar, mas não tinha pressa. Tinha viajado com uma conhecida da faculdade. Não a conhecia, mas a previsível solidão da viagem fez com que elas se aproximassem. Se chamava Lia e estava viajando para passar as férias com a família do pai. Ficou surpresa quando soube que Maria tinha, apenas, reservado alguns dias em um pequeno hotel que ficava, por coincidência, perto da casa na qual ia ficar. -Mas, você conhece alguém aqui? -Não. Estou só nessa. Há tempos que queria fazer isso. Lia sentia-se presa diante de tanta liberdade. Já Maria estava gostando desse ar de solta pelo mundo. Combinaram de almoçar juntas no outro dia. Maria aproveitou para combinar o preço da diária com o dono do hotel. Não tinha tanto d

folhetim - 1ª parte

St . Jouet Pies. Ela não tinha a mínima noção de onde ficava aquilo. Ao menos, sabia se aquele vilarejo, tão vivo na sua infância, ainda existia. De tão pequeno que era, de tão sem importância, estava listado em um dos muitos mapas que havia comprado tentando encontrá-lo. Pouco se importava onde passaria aqueles dias. Quando decidiu viajar, a única certeza que havia era a passagem de ida para o país onde ficava a pequena cidade onde seus avós maternos se conheceram quando era mais jovens. Desde pequena, dormia escutando longas histórias que sua avó contava. Tantas eram as histórias que todas aqueles clássicos já tinham sido contados, recontados, interpretados, reformulados, muitos já tinham recebido um final menos trágico. As bruxas quebravam o pé e o só ficariam boas se prometessem ser menos ruins, os vestidos da princesas eram menos pesados e mais brilhosos , os príncipes feios eram beijados e se transformavam em lindos sapos. Um dia, ela pediu para a sua avó contar como tinha conhe