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Aquele momento cheio de espera e distração que sempre aparece antes de me despedaçar e preencher um pedaço de poesia. Preciso da confusão de um milhão de informação pulsando ao mesmo tempo. Da ansiedade de uma idéia que surge de um vazio.Da forma calma de ser desdobrada, preenchida sem pressa. Do alívio de ter o barulho da alma silenciado. Do descanso no fim de corrida entre pensamentos e sentimentos. E assim, eu sigo. Enfim, eu começo. Tecendo palavras, bordando delicadezas, vestindo sorrisos. Enfim, eu continuarei. Sendo poeta, descobrindo inspiração em corpos vestidos de costumes. Sendo linha, envolvendo de graça as pontas de um vestido. Sendo agulha, furando o escuro pra deixar a luz passar. Sendo música, esculpindo corpos cheios de ritmo. Sendo escolhas, sendo desejo, sendo entrega. Sendo be-you-to full. -isabelle cristhinne

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Não tenho palavras pra descrever a sensação de deitar no chão do quarto, suja mesmo, com a roupa suada, com a pele grudando no chão gelado e até ousar fechar os olhos numa cochilada, indo na contramão de dormir sem tomar banho. É excitante ver meu corpo descansar, jogado na cama ou no chão, depois de um dia lotado, daqueles que invento de ter faz um tempo. É revigorante se jogar embaixo de um jato de água gelada e sentir um choque térmico percorrer meu corpo até a água bater no chão. Poucas coisas na vida são tão prazerosas. Porém, é desafiador esperar o corpo esfriar sozinho, a medida que minha respiração acalma, ou senti-lo queimar de vez, tendo gotas de suor deslizando por entre as camadas de roupas. Teve um dia que cheguei e tomei um banho logo, coisa que raramente faço. Me despi como quem tira uma roupa em chamas e pulei pra dentro do box como quem tá derretendo e senti a água escorrer como quem já conhece meu corpo quente e dolorido da rotina. Terminado esse batizado rotineiro,
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Assumir e escrever só pra ter uma prova de tais confissões. Como uma vitrine, muitas vezes, só exponho uma parte, uma promoção, uma novidade entre tanta coisa que tem aqui dentro. Não leio jornais todos os dias, não assisto noticiários com tanta atenção e sem me perguntarem o que está acontecendo agora, meu bem, sinto muito por não sentir nenhuma angústia em nada saber responder. Demoro para processar certas informações e, às vezes, do nada, tentando dirigir no meio de engarrafamento qualquer, entendo algo que alguém me disse dias atrás e, em segundos, um trilhão de conexões mentais são feitas e as coisas ganham um novo sentido. Falo rápido, ando rápido, esqueço rápido, volto pra casa de manhã depois de uma noite em pé num salto e digo que ainda aguento mais. Aguento nada, tiro o salto antes mesmo de entrar no elevador e o jogo no pé da porta antes mesmo de entrar em casa, e dizendo, como quem bebe demais e acorda sem lembrar de nada: nunca mais uso isso.  Infinitas vezes, and

e se ninguém te falou, prima, eu te falo

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Quando ela nasceu, eu tinha meus dez inocentes anos. Lembro da empolgação de quando recebemos a notícia de que ela tinha nascido e que até tinha uma foto no site do hospital. Já se passaram mais de doze anos e ainda paro para observar uma mulher se formando. Me vejo, completamente, nela. A ansiedade com asnovas amigas, o desejo secreto por garotos, a alucinação por algum cantor do momento. Observo sua inquietação seja lá por qual motivo e fico querendo entrar nessa sua cabecinha pra saber o que se passa. É tudo tão intenso e complicado aos doze anos. É tudo tão mais fácil aos doze anos, quando não se tem mais essa idade. Um dia ela me perguntou o que eu queria fazer quando crescesse, embora ela já me visse fazendo um porrada de coisas, falando que não dormia às vezes estudando, que tinha algum ensaio até nos domingos. Me cercava de perguntas seguidas de uma riso envergonhado. É curiosidade no olhar, em saber o que tem na minha bolsa, pra que tipo de festa eu vou, qual a minha pró

há de se ter um jeito

Fico sozinha na tentativa de esvaziar a mente, busco leituras que acalmam e palavras que abraçam o meu silêncio e orientam. Faço isso com frequência, como uma forma de preencher os vazios que vão surgindo pelos dias. E isso basta, na maioria da vezes. Em outros casos, uma angústia devoradora toma de conta e sai se enlaçando por dentro e dá em choro, em nervoso, em insônia. Um choro também silencioso, sem alarme, que deixa a cara vermelha, o nariz inchado e uma respiração ofegante. Mas passa. Há de passar. Vai embora da mesma forma que surge e não deixa lembranças. E é difícil compartilhar. É difícil pelo fato de não ser fácil fazer alguém acreditar que não se sabe o real, direto e sem dúvidas motivo de tanto desespero contido, tanto ânimo roubado, de tanto choro descontrolado.  Um abraço apertado, alguém que espere o chore passar e um pacote de lenço. Uma amiga que entrega tudo  na mão de deus, segura a minha mão e diz amém com tanta certeza, que tal expressão de espiritualidade

irrelevância

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 Assumindo e escrevendo pra ter uma prova de tal confissão. Como uma vitrine, que expõe só uma parte, um promoção, uma novidade entre tanta coisa que tem lá dentro. Não leio jornais todos os dias, não assisto noticiários com tanta atenção e soube ontem quantos quilômetros meu carro faz com um litro de gasolina. Informação útil, item essencial na vida de um informado qualquer. Falo rápido, ando rápido, esqueço rápido, volto pra casa de manhã depois de uma noite em pé num salto e digo que ainda aguento mais. Tudo vitrine.  A voz gruda na garganta sempre, toda vez, que falo um eu te amo em alto som. Gruda, sai devagar, rastejando até eu me ouvir falando. Infinitas vezes, ando contando os passos, colocando um pé na frente do outro, transferindo o peso de um pé para o outro, como se a vida fosse só isso, andar sem pressa. Lembro do tom de voz dos amigos, de um abraço que me doeu as costelas, da sensação que é sentir os pelos se arrepiando quando se ganha um cafuné demorado. Irrelevân

e não maldisse a vida

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“ Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar. Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar, e não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar, e nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto convidou-a pra rodar. E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar, com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar. Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar, e cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar. E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou, e foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou. E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais, que o mundo compreendeu, e o dia amanheceu em paz. ” — Chico Buarque