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Mostrando postagens de abril, 2009

ambições

Ter ambição é algo quase inato. As crianças querem ter mais brinquedos, querem comer mais chocolate, querem mais desenhos animados na TV, querem mais refrigerantes e querem mais dinheiro para gastar no shopping. As crianças crescem e passam a querer mais roupas novas, mais namorados, mais sexo e beijo na boca. Querem chegar mais tarde em casa, querem ter menos preocupações e querem mais dinheiro para sair. As crianças crescem mais ainda e passam a querer um carro mais novo, uma casa maior, uma esposa menos ciumenta e um salário maior. As crianças envelhecem e passam a querer mais saúde, uma aposentadoria maior, mais netos e nenhuma preocupação. Uma solução para tanto querer é o dinheiro. Com ele se compra brinquedos, roupas, carros, saúde e até gente por gente determinado, já que se paga por hora, na maioria das vezes. Os laços afetivos entre as pessoas estão se afrouxando porque não se tem ambição por pessoas mais carinhosas, mais alegres, mais simpáticas, mais sinceras, mais amorosas

amiga estrela

Ela passou por mim e sentou na minha frente, não por muito tempo. Cedi lugar a um senhor logo após e fiquei em pé ao lado dela. Seu cabelo era claro, quase branco, cacheado e lhe cobria os ombros. Sua pele era tão clara que era possível ver suas veias e, se tivesse me aproximado mais, seu sangue talvez. Os olhos verdes olhavam atentos para todos os lados e, vez por outra, me encontravam. Seus cílios brancos piscavam sem pressa e, quando seus olhos se fechavam, o resto dela parecia imcompleto. Devia ter uns dez anos. Há tempos não via uma menina tão bonita. Não era uma beleza publicitária. Seu cabelo estava assanhado, estava com a farda do colégio, não usava brincos, as unhas estavam ruídas e seu sorriso era amarelado. Mas ela era linda. Ao olhar para ela, tinha a impressão de que uma estrela muito brilhosa tinha caído do céu por causa da chuva e pegou aquele ônibus para conhecer a cidade antes de voltar lá para cima. Bem, ela até tinha cara de anjo de filme, mas prefiro que ela seja um

princípios relativos

Partindo do princípio que as coisas não se subordinam a um princípio absoluto, é de se concluir que as coisas são relativas. Einstein formulou uma teoria a qual dizia que o princípio de toda medição do espaço e do tempo é subjetiva . Uma coisa grande só é grande mesmo se observamos as condições o qual está inserido e os tamanho dos objetos que estão próximos? Então, nem toda palavra é aquilo que o dicionário diz . Um livro de 732 páginas é pequeno quando soma-se todas as páginas de uma biblioteca e faz-se um só livro. Um comida apimentada é menos apimentada que uma salada de pimentas. Quando se está com muito sono e só se pode dormir por alguns minutos, esses alguns minutos são maiores que uma manhã de feriado. Um copo d'água é pequeno quando colocado ao lado de uma garrafão de 20 litros. Mas um copo d'água é muito quando se está com muita sede, e nem precisa-se estar no deserto. O alívio que se sente quando se escova os dentes após uma semana é muito maior do que o alívio que

três faces de diferentes Andrades

Um Andrade disse: "Nada de revolução: o papel impresso é mais forte que as metralhadoras". E assim definiu a missão é o poder dos homens de letras. Outro Andrade disse: "Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso frequento os jornais, me exponho cruamento nas livrarias: preciso de todos." Mais um Andrade disse: "Eu sou um escritor difícil Que a muita gente enquizila, Porém essa culpa é fácil De se acabar duma vez: É só tirar a cortina Que entra luz nesta escurez. " Um Andrade é José Oswald de Andrade. Outro Andrade é Carlos Drummond de Andrade. Mais um Andrade é Mário Raul de Moraes Andrade. Nos meus primeiros contatos com a literatura, achava que Mário, Carlos e Oswald eram irmãos. Tinha motivos para achar isso. A diferença de idade entre eles não era grande: Mário nasceu em 1890, Oswald em 1893 e Carlos em 1902 e tinham o m

a idade do chega logo

Pai, vai me deixar no cinema! Pai, vem me pegar no cinema! Mãe, a festa começa às 22 horas! Mãe, só vem me buscar sete horas da manhã! Pai, vou dar carona para 25 amigos. Sempre me perguntei o por quê da idade mínima para dirigir. São dezoito anos para criar responsabilidade, ter o controle das mãos, treinar a concentração e ter noção do quanto o trânsito é perigoso. Além de tantos motivos, existe o principal. O motivo oculto que rege a primeira saída legalizada. O motivo é a fim da disposição dos pais. -Oh menino! Se você se perder aqui sozinho e sem celular, o que você faria? -Iria num telefone público e ligaria pro meu pai. Ele vinha me pegar. -Criatura mal acostumada! É por isso. Mas enquanto meus pais tiverem telefone, ligarei para eles dizendo: -Meu carro quebrou, minha carteira foi tomada por um guarda, não passa ônibus aqui. Enfim, vem me pegar.

indo embora

Estava decidido e essa era sua única certeza. Era muita estrada para tão pouca certeza. Pegou a mochila, sua amada, entrou no carro, olhou para a frente e virou a chave. Tudo aquilo tinha volta; bastava sair daquele carro, se jogar no sofá, se conformar com o que estava passando na TV e esquecer essa paranóia de buscar o que tanto desejava. Já tinha adiado muita coisa para deixar aquela decisão para outro dia. Parou em um posto, regulou os pneus, jogou água nos vidros cinzamente empoeirados e encheu o tanque. Se precisasse de mais alguma coisa, pararia no caminho. Enfrentando a lentidão do trânsito do centro da cidade, ignorando bêbados no sinal e pegando quase todos os sinais vermelhos chegou na rodovia. Olhou pro velocímetro, pro relógio e começou uma corrida de opostos entre os dois. Maior velocidade e menor tempo. Ele tinha que sair daquele lugar rápido. O fantasma do retrocesso e do arrependimento o seguiam em silêncio. Ligou o som e colocou na rádio de toda manhã. Notícias do dól
mwahahahah jesus esteve aqui

ésignificante

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-Posso te fazer uma pergunta? -Já está perguntando... -Mas é outra, posso? -Mais uma? O que quer saber? -Me fala de ti? -Você me conhece há tanto tempo. -O tempo envelhece as pessoas, para que elas se descubram. Ele não conhece ninguém, eé muita gente...Fale sobre você, qualquer coisa sobre você. -Conheci um cachorro na praia, desenhei um cachorro e já criei um cachorro imaginário e todos se chamam Joaquim. Não gosto de ter unhas grandes porque me arranho. Queria só usar pijama, mas sabe como é, né? Quando lembro, bebo água natural para garantir a saúde da voz. Adoro quando arroz é a coisa principal do prato. Gosto muito de arroz para ele ser apenas acompanhante. Tenho vontade de fazer desenhos nas paredes da minha casa, mas isso iria "estragar" a pintura lá tex anti-sujo. Não uso relógio no braço direito para não sujá-lo na hora de apoiar o braço na cadeira pra escrever. Já consegui voltar para um sonho. E já sonhei com um leão querendo me pegar e uma baleia que nadava na

des - cob - rindo

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"... dar a cada fato ocorrido um tratamento idiossincrático...". É mesmo? Desculpe-me, senhor Autor, mas enquanto não souber o que é idiossincrático, ou de qual palavra deriva não posso dar tratamento algum. -Mãe, onde está o dicionário? -No armário branco, no lado esquerdo. Segui a orientação dada com a atenção de um atencioso. Precisava desvendar a palavra idiossincrasia. No meio de tantas palavras, ela surgiu como um tapa inesperado, mostrando-me sem eufemismo que não sabia usá-la. O expediente tinha acabado e o só restava mesas vazias, papéis numerados e coisas para fazer no outro dia. No mundo dos números, as palavras são metidas. A contabilidade é um mundo de números. Um balanço patrimonial sem palavras identificando o por quê daqueles números é apenas um papel cheio de números. Abri o armário e lá estava as folhas do dicionário. É uma edição antiga, promoção de jornal talvez, que foi montado por blocos de páginas recebidos semanalmente. Sentei-me no chão e com ansiedad

mais uma vez

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Na procura da verdade, do puro, do simples tira-se a roupa do teatro e acaba-se com a sua ilusão. A cortina, que acoberta os personagens em seus momentos de ansiedade, não se fechará em instante algum. Se as emoções serão mostradas aqui, que elas sejam reais. As coxias, tão úteis as pessoas desconhecidas que permitem a realização do espetáculo, não existirão. O ferro, os fios, a estrutura que deixa esse lugar de segredos em pé, cansados de viver escondidos, arrancarão os panos que cobrem as suas forças e funções. As tintas não irão transformar pessoas em personagens e sim refletir a cara de cada alma. Então que as luzes e as músicas acabem com o escuro e o silêncio da espera. . Mais uma vez o texto se repete. Mais uma noite chega com seus mistérios e figurinos. Mais uma vez irei entrar num teatro. Mais uma vez subirei num palco. beijo torto! meu cabelo está menor hoje, mas sou eu na foto sim.

metáfora.

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Somos hóspedes de um planeta. Hóspedes que chegam, fazem morada e vão embora. Viramos público de um palco onde o bem e o mal disputam a supremacia. Viramos vilões do bem e protagonistas do mal lutando para deixar a vida viva. E só deixamos de ser hóspedes, quando não mais precisamos atuar. Então não se preocupe. A morte só aparece quando deixamos de viver.

atenção!

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Cuidado ao deixar crianças sozinhas com animais.