outro tipo de matemática.
-O que você tem? Ele não sabia. Ele nunca aprendeu a fazer cálculos de palavras. Aquela pergunta poderia ter sido feita por qualquer voz, por qualquer pessoa que o encontrasse na rua gritando: eu tenho! eu tenho! -O que você tem, então? Não era qualquer pessoa. Ela se aproximou e ele foi capaz de ver suas rugas costuradas naquela pele que ele tanto já tinha visto sem maquiagem, quando acordava, olhava para o lado e a vi na sua forma mais pura. O que ele tinha? Ele tinha tudo. Seu coração estava que nem um copo a beira de transbordar. Uma batida na mesa, uma leve batida na mesa, faria a mesa tremer, o copo tremer...seu corpo todo tremia, tentando equilibrar a lágrima tímida que já tendia a escorregar pelo nariz. Seus pensamentos não cabiam mais na caixa de guardar pensamentos que ganhou na hora de nascer. Estava tudo lotado, no extremo limite. Tudo apertado. Tudo guardado demais. -O que você tem? Me diz. Sua voz estava presa. Sua vontade era de se partir ao meio e mostrá-la o turbilhão ...