o que levar pra casa?


"Na verdade, não queria está levando nada. Só minha mãe e eu sabemos o quanto tenho agonia de arrumar mala. Não adianta, já passei da maioridade e continuo pensando na minha mãe toda vez que começo a dobrar ou jogar as coisas dentro das malas. Talvez deva ser algo que só vem com a maternidade, ou então um costume de casa, mas dobrar roupa ainda não é comigo.
Vamos aos fatos e aos exemplos. Minha mãe nunca deixou  eu arrumar o meu guarda-roupa sozinha. Ponto final. Fim de assunto. Não preciso mais falar nada, num é, mãe? Quando ia sair e começava a provar o guarda roupa quase inteiro até decidir uma blusinha e uma calça que estava lá na cadeira da sala, ela sempre falava: Deixa tudo em cima da cama que depois eu arrumo! Por que estou reclamando? Não, eu não estou reclamando. Afinal, na pressa, sair e deixar seu quarto uma zona, ainda mais pelo fato de sua mãe ter pedido, é quase uma benção. Mas o problema não está aí.
Quando estava no colégio e usava farda todo dia, era uma coisa injustificável ter uma pilha de roupa suja na sexta feira. Como? Era só para ter a calça, as duas blusas da farda, uns três pares de meia, umas roupinhas de ficar em casa e no meu caso, as roupas do ballet, que não nunca tiveram restrição e controle de sujeira e de uso repetitivo.
Então, eu cresço e entro na faculdade. Acaba a farda e entra não só uma roupa por dia como o ônibus na minha vida! Só quem anda de Pici/Unifor, Antônio Bezerra/Unifor, topic 03, 13 e 55, de 8 da manha até 8 da noite, sabe do que estou falando. Não só sabe, como sente. Não dá, minha gente. A roupa fica suada não só do seu suor, mas do suor dos outros. É de fato, um coletivo: o transporte, a nojeira e a vontade de morrer quando se está em pé com quatrocentas pessoas ao seu redor pedindo pra dá uma afastadinha. Enfim, fica-se justificável ter no mínimo cinco blusas e duas calças no final de semana.
Agora, estou voltando pra casa e é a hora de refazer as malas. Abençoa, ilumina, guia os meus caminhos, porque a minha paciência é mínimo pra arrumar e o dinheiro também, então eu deixava tudo e comprava tudo de novo. Não tenho muito apego, na arrumação das coisas, o que passou três meses no fundo da mala sem uso, sem lembranças, sem entrar nos meus planos de ‘look do dia’, era jogado de lado e se sobrasse espaço voltava pra mala. Se não, ficava. A camareira de um dos hotéis que fiquei, era romena e adorou e até já saiu vestida com meu casaco roxo com verde de lã que usei como pijama por um bom tempo. Estava limpo, juro. Só era espalhafatoso demais."

-isabellecristhinne

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