esperando por mim

Estava no caminho de casa, melhor, já estava na frente de casa, quando decidiu continuar. Foi devagar, já vendo o sinal ficar vermelho e as pessoas dando corridinhas por conseguirem atravessar alguns metros de rua. Parou o carro, só não parou de pensar para onde iria. Até voltar para casa seria uma forma de ir para algum lugar. O sinal abriu e decidiu continuar. Nenhum objetivo a levava para frente, nenhum sentido a guiava e ninguém ansiava a sua chegava. Apenas a vontade de continuar, de seguir, de ir. Pra onde? Não sabia. Não tinha nada marcado para as horas seguintes, não havia ninguém a esperando, só sua mãe que pediu pra ligar quando chegasse em casa. Não era tristeza, nem solidão. Não era alegria, nem festa. Era paz e cuidado. Era hora de dar colo para o próprio coração. Colocá-lo nos braços e dizer que não há problema algum. Que o dia vai continuar e ele vai ficar melhor. Era olhar pra baixo, para o  próprio corpo e dizer: estava esperando por mim.
Lembrou que havia uma sorveteria ali perto. Achou a rua, estacionou o carro, comprou a ficha do sorvete, pagou e a pior parte, escolheu o sorvete. Eram tantos que escolher só um era como se não tivesse comendo nenhum. Comer chocolate, pensando no doce de leite e imaginando o azedinho do sorvete de maracujá.
Doce de leite flocado. Muito doce.
Como era de costume, o sorvete derramou na roupa. Ela não se importou.
Lambeu os dedos com preguiça de lavar as mãos e foi pra casa.

Comentários

Sara Morais disse…
Qualquer texto seu por mais simples que seja: Eu gosto.
zé disse…
amei, sua tensa! rum rum rum. *-*

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