arquitetura

Há um ano, 2009, com meus 17 anos recém completados, eu estava em um banco em frente a sala que acolheria a primeira aula na faculdade. Sentia a ansiedade do primeiro dia do primeiro semestre secar a minha boca e corroer a minha imaginação. Não sabia o que esperar. Vi uns conhecidos passando no outro corredor, rindo, mostrando todo o conforto de ser veterano. Não quis supor que estivessem me olhando e gritando sem silêncio: quem é essa? Ora, quem é essa. Essa era eu, sentada desajeita e ansiosa, sem esboçar nenhum sorriso e achando que jornalismo seria a profissão da minha vida. Passei um ano, enlouquecendo com essa decisão sufocante e cheia de pressão. Cada dia que passava era um dia a menos de estudo e um dia mais próximo do maldito vestibular. Essa minha cabeça ativa me fazia sair do jornalismo para a engenharia civil em segundos.
Sempre me achei capaz de tudo, no sentido de que se me dedicasse a aprender, eu aprenderia. Até que o dia não esperado, porém inevitável, da inscrição chegou e tive que decidir. A pergunta que eu menos esperava foi feita quase pausadamente pelo Marcílio, o cara que que facilitava a vida dos vestibulandos que estavam a com a paciência atacada: e aí, qual o seu curso?
Sempre paro quando alguma pergunta que vai ter um efeito significativo na minha vida é feita. Paro, e fico calada, quase em choque. Pensei numas possibilidades com o pouco conhecimento que tinha dos cursos e fiquei com o Jornalismo. Fiquei e disse: está escolhido.
Cursei um semestre e deixei o curso. Já vinha pensando em fazer isso desde o meio do semestre, mas não queria abandonar tudo e ficar sem um rumo. Ficar sem fazer nada me deixa impaciente. E eu gostava do curso, das cadeiras, de fotografia, de sociologia, filosofia e história da arte. O que me deixava em pânico era o estúdio de tv e de rádio. Falar em microfone não é para mim.
Numa noite, quando meu pai já estava deitando só esperando o sono chegar, entrei no quarto, sentei na cama e disse: vou deixar o jornalismo, quero arquitetura. Ele fez todas aquelas perguntas para ter certeza que eu tinha certeza da minha decisão. Fiz intensivo, vestibular, encarei toda aquela tensão de resultado durante meses, mas passou.
Hoje, com meus 18 anos recém completados, sentada numa das mesas lá da faculdade, lendo sobre estrutura, forma e função dos ambientes, lembrei de quando estava lendo meu primeiro texto sobre teorias da comunicação. Vi minhas réguas, esquadros, compassos, papeis na bolsa e vi que estava fazendo a coisa certa, com as coisas certa e com o coração certo da decisão que eu tomei.
Que eu seja feliz.
Amém.
.
.
Desculpem-me a ausência, chapeleiros. Minha vida sofreu um processo de adaptação. Tá tudo normal, agora.
beijo torto

Comentários

Well disse…
Só uma perguntinha ,
E no meio disso tudo
como é q tu foi parar toda suja de tinta e gliter num sinal de uma rua q corta a 13 de Maio pedindo dinheiro nos carros(rsrsr) ???
senas dos proximos capitulos ?
Ferdi disse…
Own, que linda!
Deve ser terrível esse desespero do definitivo sem certezas.
Eu tive sorte quanto a isso, aos 16 larguei tudo pelo teatro e hoje aos mal completados 18 sei que nunca fiz nada melhor na vida.
Anônimo disse…
Já passei por isso.
Mas digo que quando se esta decidido no que quer tudo fica mais fácil!

Que você seja muito feliz!

Beijos!
XD
Bruno.Salazar disse…
essa coisa da incerteza deixa um comixãozinho que é dificil se livrar..

tomara que de tudo certo agora..

gosto de arquitetura mas preferi design.. to esperando alguma coisa me convencer que sou bom nisso..
a anciosidade de provar é angustiante

enfim..
beijos!
Camille Ramos disse…
Ansiedade para a prova??? Que isso! kkk

Estou enlouquecendo e ainda é fevereiro! (por acaso, a prova é só em dezembro...)

Mas beleza, eu acho que estou decidida no que eu quero (e isso desde o que? meus 8, 9 anos?!), apesar de eu, de vez em quando me perguntar: é isso mesmo, Camille?

Hehe, vestibular é angustiante!

Você daria uma ótima jornalista (eu acho...), mas arquitetura também é bastante interessante.

Boa sorte e "segura na mão de Deus e vá" (e esta é minha professora de Arte - toda hippie ela, precisa ver - estressada no fim da aula, de olhos fechados, cabeça baixa e mãos para cima, cantando. Cena insuperável e inesquecível kkk).

Talvez a vida não seja torturante, apenas torta kkk.
Érica Ferro disse…
Ai, eu tô em dúvida, sabe?
Não sei se quero jornalismo... mas, poxa, eu quero jornalismo, mas... ah, não sei...

Eu sou tão complicada... hahaha.

Beijo, moça arquiteta.
Mr. Zeppelin disse…
Eu já falei para mim, se for para mudar de curso, mude antes de começar... Mas vamos lá, nunca pensei em mudar, então acho que tá bom se ficar sempre assim.

E vamos lá novamente, "seguremos na mão de Deus" (também já fui aluno da sra. hippie aí de cima).

E a vida é mesmo torta, porque se fosse reta seria sempre a mesma coisa. kkk
H L disse…
"Que eu seja feliz. "

serás!
^^
lívia perdigão disse…
xii, passei pela mesma dúvida, trocando jornalismo por publicidade =xx mas foi só a dúvida às cegas mesmo, já que eu não cursei nenhum =)
cheguei a fazer curso de desenho e tudo, mas depois de um tempo, decidi pela publicidade mesmo =)) de vez em quando eu lembro do fantasma da dúvida, mas... é isso aí.

p.s.: lembrei agora de uma cena: 2008, chega a bel na hoa do intervalo mooorta de feliz, com um sorrisão e me diz: "OOLHA, ESSE AQUI VAI SER MEU QUARTO!" ou algo do tipo... olhei o desenho, toodo com perspectivas e pensei: é, a bel vai fazer arquitetura =D
vai dar certo!
beijooooo
Malu Azzoni disse…
Parabéns! Pela decisão, pela coragem.
Morganna disse…
amém. :)

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