Gentileza


Gentileza. Até queria está falando do homem que não cobrava por sorrisos estampados nas bocas de quem parava para ler suas palavras gentis. Pena que foram cobertas por um orçamento de tintas cinzas, brancas e frias. Falo do ato de ser gentil. Gentilezas que não precisam de causas nobres, pessoas nobres e um ambiente nobre para acontecer. Ser gentil é outra coisa...Cartas, com as facilidades comunicativas de hoje, é algo gentil. Compor uma música para alguém é algo gentil. Gastar alguns reais de crédito do celular para dizer domingo é um dia chato e você poderia estar aqui comigo é algo gentil. Segurar na mão de um amigo para passar uma avenida movimentada, com o sinal vermelho e na faixa de pedestre é algo gentil. Aparecer sem ser convidado numa hora que você sabe que o dono da casa está desocupado levando dois potes de sorvete, um só para o dono da casa e outro para você e o dono da casa é algo gentil. Percebeu algo em comum entre tantos exemplos? Em todos, quem recebe a gentileza é surpreendido, toma um susto e de início observa com um olhar torto e desconfiado tal ação. Gentilezas são feitas, muitas vezes, sem saber que são gentilizas. A internet une as pessoas, diminui distâncias, aproxima milhares de quilômetros, mistura nacionalidades, ameniza a solidão, mata a curiosidade, mas não é tocável. Emails não pode sem guardados sem correr o perigo de a conta expirar, o site desativar e alguém roubar a sua senha. As dezenas de pastas de fotos só podem ser vistas em todo lugar se tiver algum cabo usb por perto e internet sem fio. E, hoje, receber email, pegar fotos no orkut, pedir coisas por msn é tão comum que não causa nenhuma surpresa. Até causa, mas é tão rápida quanto falar com um saco de papel no cabeça não precisando encarar alguém. Falar sendo investigado por olhos curiosos e ávidos por uma resposta demora. Demora mais que digitar e apertar enter. A parte do cérebro responsável por armazenar sentimentos incomuns e mistura de sensações, um dia, foi grande. Por falta de uso, diminuiu e teve que ceder lugar ao setor da instantaneidade comum de todo dia. As pessoas precisam tomar sustos; precisam romper com a ação costumeira diária; romper com esse cotidiano desatencioso que não perde tempo com ninguém. Gentileza, a maioria não custa dinheiro e nem se compra no mercado livre.

Comentários

João Bertonie disse…
Ah, e é!!!
A internet une o mundo e o separa ao mesmo tempo. Afinal, é bem mais fácil conversar com a nossa prima que mora na mesma cidade que a gente por MSN do que pegar um ônibus, ir ao outro lado da cidade para conversar com ela.
Na internet lemos, mas não sentimos. Rimos, mas falta o calor! Perde-se aos poucos os valores humanos, se é que ainda tem algum!!!

Amei o que tu falaste da gentileza.
Num mundo onde 'quem tem dinheiro é simpático', é sempre bom sermos gentis, agradáveis, espontâneos.
É a arte de deixar a outra pessoa boquiaberta, surpreza, mas feliz.
É a arte...
É arte...


Feliz Dia Mundial da Mulher para você!!!


beigos mil
Avilla Filho disse…
Concordo, mas talvez, no futuro, com o advento dessa revolução tecno-cientifica, ser gentil seja trocar e-mails. Nós estamos passando por uma evolução gigantesca nos setores tecnologicos, biologicos, tecnobiologicos... Mas essas revoluções não vêem com revoluções sociais. No homem moderno, a gentileza se torna, cada vez, algo mais raro. Graças a, como você mesmo chamou "O Absolutismo do Relogio" não temos mais muito tempo pra planejar ou operar surpresas, a cada dia, perdemos a essencia humana.

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