perguntas de crianças.
O homem barbudo entrou na sala. Tinha um um andar caído para a direita e um olhar apertado que parecia querer ver o que aquelas vinte crianças pensavam. Foi até o meio da sala e se apresentou. Seria, a partir daquele, o professor de filosofia da 5ª série. O segundo professor de filosofia daquelas crianças. O primeiro era prático demais; uma vez, tentando provar a existência do elemento fogo em todas as coisas, tocou fogo no caderno de matemática de uma menina que sentava na primeira fila - desde esse dia ela senta na segunda fila. Após a rápida apresentação falou que não seria ele que daria aquela aula. Um barulho de perguntas se espalhou pela sala, até que a porta da sala se abriu e por ela entrou três homens usando calças jeans. Um menino de cabelo assanhado perguntou quem e o que aqueles estranhos homens faziam na aula de filosofia deles. Antes de responder, eles pediram para as crianças afastarem as cadeiras e sentarem no chão fazendo um círculo. Assim, todos podiam se olhar sem precisar olhar para trás. As crianças se entre olharam desconfiadas, mas logo fizeram o que foi pedido. Quando todos estavam sentados no chão, os três homens sentaram. Um reclamava de dor nas costas, o outro de um dor nas articulações nos dedos. Já não eram mais ágeis como aqueles pequenos aprendizes de filosofia. Então começaram. O primeiro a se apresentar segurava um copo d'água, era Tales de Mileto. O segundo carregava um ponto de interrogação no pescoço, era Sócrates. E o terceiro trazia um caixa tampada, era Platão. São atores!, gritou a menina da segunda fila. Elas, as crianças, não iriam entender naquele momento quem era os tais homens. E como eles já sabiam disso, apenas riram após a conclusão imediata. Tales até olhou para Platão e disse que se Aristóteles tivesse lá preferiria ser chamado de biologo. Mas, os três não se incomodaram de ser chamados de atores. Platão teve uma idéia e disse: o ato de conhecer é nosso objetivo, logo somos atores. As crianças já estavam os achando, além de atores, loucos. Onde já se viu, atores de pensar? Elas sabiam que existiam os atores das novelas, dos filmes, mas do pensar? Foi quando um menino de óculos vermelho perguntou para Tales se ela tinha trazido aquele copo d'água por que estava com sede. Tales riu, bebeu um gole pequeno e disse: não, trouxe para mostrar a vocês que existe água em tudo; existe água nos seus cabelos, nas cadeiras, nas mesas, nos lápis; mesmo que vocês não vejam, a água está lá. Uma menina de fita azul no cabelo olha para Sócrates e pergunta o motivo de ele estar usando aquele cordão de ponto de interrogação. Sócrates fez uma cara de que não sabia e falou: não sei lhe responder; mas, até agora, o pouco que eu sei acha que eu tenho que aprender mais; existe muita coisa que não conheço; não sei o seu nome, onde mora, não sei do que você gosta de fazer, se gosta dessa fita azul no seu cabelo; não saber das coisas é uma forma de saber que se tem que aprender. A menina fez uma cara de ponto de interrogação, mas preferiu fingir que tinha entendido. Para ela, Sócrates era o mais louco. Um menino de unhas ruídas perguntou a Platão o que tinha dentro da caixa tampada. Platão teve a ideia de abrir a caixa e deixar todos vêem o que tinha dentro. Uma menina de lenço no pescoço disse: não tem nada! Platão riu e disse: Dentro da caixa está o mundo das ideias; é um mundo grande, enorme, imenso mas que pode ser guardado dentro de uma caixa com tampa; o nossa cabeça é a nossa caixa com tampa; é com ela que pensamos, temos ideias e conhecemos o mundo e as pessoas não precisam abrir as nossas cabeças para saber que dentro existe pensamentos.
O sinal estridente tocou. O professor se levantou e disse que a aula tinha acabado. Os três homens se despediram e saíram da sala reclamando que aquelas calças jeans que tinham sido arranjadas para eles estava muito apertadas. Não viam a hora de chegar em casa e tirá-las. As crianças pegaram as mochilas, os livros e saíram correndo como se o o teto da sala fosse cair. Só a menino cabelo assanhado ficou. Foi até o professor e disse:
-Professor, por que esses homens vieram? E que nomes estranhos eles têm. Não entendi o que o homem do copo d'água disse. Não tomei banho hoje, meu cabelo nem está molhado e ele disse que no nosso cabelo tinha água!
-Acho que meu cabelo também já está seco. Mas, não se preocupe. Há coisas que só entendemos quando achamos que elas foram esquecidas.
-Quê? Deixa, professor. Tchau.
-Tenha um bom dia.
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Tales, Platão e Sócrates obrigada por ter vindo ao chapéu. O mundo de Sofia, foi da onde tirei vocês, está na mesa. Suas páginas estão marcadas; basta ir lá, procurar o seu nome e entrar na página.
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Filosofia. É algo até bem abstrato, mas não é difícil. O que tentei aqui foi explicar de um jeito descomplicado as idéias deles. Se não entender, não se preocupe, o Torto, às vezes, se entorta demais.
beijo torto!
Comentários
A gente precisa de tempo, esse grande professor, pra ver como Sócrates, nada sei. Mas quero aprender o estar de cada coisa, o nome de tudo.
Um beeijo!
chegou essa semana =]
Um dia, com mais tempo, lerei com certeza ^^
E filosofia não precisa ser chata e entediante, pode ser simples também, como você mostrou =]
www.thiagogaru.blogspot.com
Faz sentido hehe amo filosofia, um dia faço faculdade...
não saber é uma forma de saber que precisamos saber hehe
filosofia é vida
bjxxx
Ficou otimo esse texto.
no fim das contas, a filosofia é extremamente simples :D Aí é que está!
bjo
teh +
o/*
Bejos
Bjs!