folhetim - 2ª parte

Bem, não tinha viajado apenas com o objetivo de conhecer o tão descrito lugar. O conhecia bem, mas queria vê-lo, ver quem por lá vivia. Quem nasce em St. Jouet Pies é o que? St. Jouet Piense? Não sabia, e não saber era algo que a deixava com vontade de falar. Não sabia por onde começar, mas não tinha pressa. Tinha viajado com uma conhecida da faculdade. Não a conhecia, mas a previsível solidão da viagem fez com que elas se aproximassem. Se chamava Lia e estava viajando para passar as férias com a família do pai. Ficou surpresa quando soube que Maria tinha, apenas, reservado alguns dias em um pequeno hotel que ficava, por coincidência, perto da casa na qual ia ficar.
-Mas, você conhece alguém aqui?
-Não. Estou só nessa. Há tempos que queria fazer isso.
Lia sentia-se presa diante de tanta liberdade. Já Maria estava gostando desse ar de solta pelo mundo. Combinaram de almoçar juntas no outro dia. Maria aproveitou para combinar o preço da diária com o dono do hotel. Não tinha tanto dinheiro, tinha que economizar. Havia muito o que fazer naquele lugar ainda. Conseguiu um quarto com uma janela para os fundos do pequeno hotel. De lá dava para ver roupas estendidas em varais coloridos e desordenados, era o que mais chamava-lhe a atenção. Descobriu, alguns dias depois, que mais coloridas que as roupas voando, era a feira que se armava toda quarta-feira. Da janela do seu quarto, dava para ver o movimento de crianças correndo entre frutas, roubando uvas e levando gritos dos feirantes, de senhoras entretidas entre objetos em promoção para enfeitar a casa. Decidiu descer, aquilo era atraente demais.
Não tinha jeito de turista. O cabelo mal preso e a roupa descontraída lhe enturmava diante daquela agitação louca das sacolas e os seus donos. Uns apressados para fazer o almoço, outros só aproveitando os preços baixos, os irreverentes que buscavam aquelas coisinhas irreverentes para desigualar a moda e os desocupados que gastavam o seu tempo andando por lá. Aquela feira era um mundo resumido em um rua. Só a conhecia quem dela precisava. St. Jout era assim. Se resumia a um lugar que só quem conhecia era quem nele já viveu. Olhou o relógio, já era quase hora de ir almoçar com Lia. Antes de ir, não resistiu e comprou um lápis vermelho para a sua coleção. Ela já possuia vários lápis vermelhos. Mas aquele era diferente. Um vermelho vivo demais.
.
.
continua.
-Ler folhetim - 1ª parte abaixo.

Comentários

Unknown disse…
Que rua mágica :D

Sou louco para fazer umas viagens sozinho, sozinho não com amigos... mas uma coisa bem do tipo independente também :D

te amo Beel!
Unknown disse…
Eu postei na conta da minha irmã e to com preguiça de arrumar x.x'
Wendell Saraiva. Deel!
Mayana Carvalho disse…
Nossaa, deve ser perfeito fazer uma viagem assim.. sem conhecer o lugar para onde vai.. seguindo o puro espirito da liberdade e de conhecer coisas novas...
Avilla Filho disse…
parafraseio manuel bandeira com seu parsagada


Vou-me embora pra St. Jouet Pies
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra St. Jouet Pies

Vou-me embora pra St. Jouet Pies aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive


E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro bravo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito a beira do rio
Mando chamar a mãe-díágua.
Pra me contar histórias


Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra St. Jouet Pies
Em St. Jouet Pies tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóides à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar


E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
Lá sou amigo do rei
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra St. Jouet Pies

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