O quente e o gelado
Melhor do que aconchego de um jato de água morna, é a agressão de um jato de água gelada.
Água morna já acalma antes mesmo de encostar em um pedaço de pele. Água gelada é tensão. É tensão por saber que, daqui alguns segundos, faquinhas disfarçadas de gotas vão encostar nas costas quentes de algum corpo recém-agitado. É tensão por saber que aquele contato vai ser inevitável caso não se tenha chuveiro elétrico, ou não queira ir até a cozinha, esquentar a água, jogar num balde, levar o balde e ainda trazer um copinho pra derramar água devagar na cabeça.
O quente queima. O gelado maltrata. O quente renova. O gelado faz é nascer de novo. Quente demais pertuba. Gelado demais angustia silenciosamente. No quente, muito quente, não tem jeito. No gelado, muito gelado ainda há uma saída.
Abrir o chuveiro e se jogar na água. Sem espera, sem preparação, sem pressentir o que estar por vim. Se jogar e ficar e sentir como se pedaços velhos tivessem se congelando e caindo, caindo, caindo...até sobrar o essencial. É sair e sentir o sangue gelado, o frio tremendo, o corpo limpo e alma lavada.
Comentários
p.s.: eu prefiro a água gelada mesmo nos dias mais frios. Rs
http://compromissocomoacaso.blogspot.com/
aqui em belém só tem água gelada
heheheheh
gostei do texto
há braços psicodelicos
A coragem é que falta nessas horas, principalmente de manhã cedinho.Uii
haha
Ótimo post (como sempre), Isa.
;*