Atrás daquela porta


O escuro reinava soberano naquele castelo imaginário que era a garagem. Luca ia para lá, quando a tarde teimava e ia embora. A única janela que lá tinha dava para uma árvore grande e gorda de folhas. Quando estava no céu, o sol insistia em passar pelo meio daqueles galhos, pintando de dourado aquela garagem fria. Mas era difícil. A árvore era fiel a Luca; o conheceu ainda pequeno; simpatizou com seu jeito de menino esquisito da família desde a primeira vez que fora se refugiar e chorar no lugar mais distante e com cheiro de mofo da casa. Naquela tarde, os sonhos secretos de Luca foram ameaçados. O pai, não usando mais aquele espaço da casa, insinuou destruir a antiga garagem e fazer uma piscina. A família sabia que Luca tinha feito daquele lugar o seu mundo. Só não sabiam e nem queriam saber, o que ele fazia quando entrava pela porta amarela no final do corredor . Era melhor ele lá dentro, do que solto na rua. A mãe já se acostumara com as manias do filho e não se importava de ele passar a noite toda trancado naquele lugar cheio de tralhas. Ela tinha tirado as facas, as tesouras e todos os objetos pontiagudos que ela encontrara, só por medida de segurança. Fez isso enquanto Luca estava no colégio. Ele nunca perguntou pelas tesouras e nem foi na cozinha pegar mais facas. Isso a deixava despreocupada para seguir sua vida de mãe de três adolescentes e um menino de onze anos.

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continua.

Comentários

Aline disse…
sempre quis ter uma garagem pra fazer sonhos virarem realidade...hehehe

beijokas
Caio Timbó disse…
Estou louco pa saber o resto!
Espero que o final não seja tão sombrio como alguns trechos.
Aliás eu tinha um quarto na casa da minha mãe que eu usava pra tudo - até fogo ja pegou lá. hehehehe(eu era muito danisco;P)

Bjão!
As vezes tb quero ficar trancafiada!

=]
otimo texto.

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