Livrarias.
Loja de livros.
Loja com livros.
Loja cheia de livros.
Loja com muitos livros.
Loja cheia de gente distraída.
Um mundo cheio de mundos guardados por capas e separados por estantes.
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Não tinha pressa. E justamente por não tê-la fiquei sem rumo. Ia de um lado para o outro, olhando os títulos dos livros sem abri-los. Passava devagar olhando, um me chamava a atenção, parava, o pegava e ficava a passar suas páginas sem compromisso. Lia algumas palavras, observada uma imagem, guardava o título na memória e dizia, daqui a pouco eu volto e olho o preço. Não voltava. O esquecia completamente. Já estava perdida entre tantos outros. As capas só faltavam gritar. Mas não, elas continuaram caladas, inertes nas estantes fazendo o seu trabalho, que era o de evitar a fuga das palavras e o desconcerto do mundo feito por algum atrevido escritor.
Tinha que escolher quais livros levar. Não podia levar todos, e ainda bem. Então, qual seria a graça de ter muitos livros em casa e não ter a vontade de ir a alguma livraria e ficar sonhando com um dia ter todos? Não, prefiro não tê-los. Só alguns.
Tinha que escolher, eu sabia. Mas, calma, tinha muito tempo. Lembra, eu estava sem pressa. Olhava, pegava, agarrava entre os braços. Um, dois, três, até quatro livros. Eram mais que quatros histórias. Era e é preciso ter cuidado. A dúvida já percorria minhas mãos. Qual levar? De início, fui atraída por livros que tinham na capa cachorros. Mas, não eram qualquer cachorros, eram cachorros posando para a foto da capa e dizendo calado, me leva, por favor! Levo, meu querido. "A arte de correr na chuva", foi um desses. Quando o vi, logo cuidei de ficar com ele. Ia para outra estante, olhava, pegava um, muito romântico, pegava outro, muito sofrido, pegava mais um, muito complicado. Enfim, livros são casos de amores. Até aquele momento, só tinha sentido amor por um. Pobre amor, iludido, não sabia que, no final, não o levaria para me acompanhar pelas madrugadas com sono. O deixaria lá para uma outra oportunidade. Iludido amor, mas sincero ao ponto de me esperar e deixar-me ter um novo caso de amor, tão intenso que ao ponto de ...ao ponto de o levar para casa.
Quantas estantes diferentes! Quantos livros! Ainda bem que não poderia ver todos. E tentarei, sempre, não ver todos. A curiosidade, a ansiedade, a vontade de possuí-los é muito grande para deixar um dia sem pressa acabar com todo esse mistério.
Mais um! Coitado, tão pequeno e escondido entre tantas capas grossas. Não importava. Era mais um caso de amor. Admito que até o soltei alguma hora, me iludi com outro; não, não gostei desse, não senti nada quando o peguei; voltei a procurá-lo, não encontrei. Ei, o senhor sabe onde está livro...? Ele sabia! A alegria foi tamanha que não o soltei mais.
Já tinha dois amores.
Tão grandes, mas ainda tinha dinheiro para mais um.
Naquela hora, a dúvida foi maior. Seria uma grande decisão. Seria a escolha do último amor daquele dia. Esse, aquele, este não, aquele que tava indicado na revista, está faltando, qual é esse? Li aquilo que tinha escrito na capa. Interessante. Não sei, não quero esse. O larguei no mesmo canto que achei. Dei uma volta, outra, mais uma, ele continuava na cabeça! Persistente, rapaz. Fui lá novamente. Arrisquei, era um amor diferente. Um amor curioso, curioso demais. Peguei, vai ser esse. E foram e são.
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-O garoto do pijama listrado - John Boyne
-Coração de tinta - Cornelia Funke
-Firmim - Sam Savage
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Estão aí os três casos.
Depois...depois te conto como são.
beijo torto!

Comentários

Anônimo disse…
livrarias... me deixam numa eterna indecisão! é impossível isso não acontecer, né?
Fiuza disse…
"Os livros são objetos transcendentes,
mas podemos amá-los do amor táctil"

"Livros" - Caetano Veloso

Baixa essa música, Bel. Acho que c' vai gostar! :)

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