há de se ter um jeito


Fico sozinha na tentativa de esvaziar a mente, busco leituras que acalmam e palavras que abraçam o meu silêncio e orientam. Faço isso com frequência, como uma forma de preencher os vazios que vão surgindo pelos dias. E isso basta, na maioria da vezes. Em outros casos, uma angústia devoradora toma de conta e sai se enlaçando por dentro e dá em choro, em nervoso, em insônia. Um choro também silencioso, sem alarme, que deixa a cara vermelha, o nariz inchado e uma respiração ofegante. Mas passa. Há de passar. Vai embora da mesma forma que surge e não deixa lembranças. E é difícil compartilhar. É difícil pelo fato de não ser fácil fazer alguém acreditar que não se sabe o real, direto e sem dúvidas motivo de tanto desespero contido, tanto ânimo roubado, de tanto choro descontrolado. 
Um abraço apertado, alguém que espere o chore passar e um pacote de lenço. Uma amiga que entrega tudo  na mão de deus, segura a minha mão e diz amém com tanta certeza, que tal expressão de espiritualidade se transforma num botão de seguir em frente. Um quarto gelado, um filme bobinho e um sono sem despertador.  Uma praia, uma água e a mente solta no vento vagando até achar um rumo. Um pouco de paciência, uma respiração lenta e um caderninho pra escrever. 
Há sempre de se ter um jeito. 

Comentários

Camille Ramos disse…
os dedos são tão treinados sobre as inquietações da mente quanto a barra de endereços, que rapidamente reconhece para onde ir ao soletrar-se c-h-a e teclar enter.
às vezes releio tantas e tantas coisas, mas às vezes fico só olhando a garota no gramado e sapatilhas vermelhas, tentando achar algo de silencioso nas entrelinhas de seu texto.
amo essa passagem. há sempre de se ter um jeito. ela se recria há tanto tempo que sinto saudade de um sentimento novo, um quê de novas palavras de calmaria.
mas afinal, "quem nunca teve seus dias de desordem, não sabe o conforto de um dia ter as coisas no lugar".

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