virgindade


Sendo a rotina, os olhos dos nossos dias, tem dias que prefiro não enxergar. Como é comum perguntar-me sobre o que irei fazer e receber como resposta um sincero, direto e deliberado não sei. Faz uma hora, talvez, que fui até piscina e me joguei na água gelada. Agora, estou aqui com vontade de escrever. E assim, vou indo, realizando vontades. Deixando a cada dia de ser virgem de algo. É um bom jeito, pelo menos foi o melhor que encontrei até agora, de seguir em frente. Deixando de ser virgem de algo...tal como o sexo, deixar de ser virgem é quebrar barreiras, libertar hormônios, seguir em frente do que quer que seja. Hoje, já não sou mais virgem de ir pro cinema sozinha, de pular na piscina de roupa, de voltar pra casa andando de madrugada. De não dormir três noites seguidas, de viajar pra morar em um país sem saber a língua local, de ter medo de ser parada na alfândega por um policial gordinho que deve ter ido com minha cara. Não sou mais virgem de pintar o cabelo pela primeira vez usando o resto da tinta de uma amiga, de roubar maçã, de ficar perdida em uma cidade sem saber como voltar pra casa. Não sou mais virgem de esquecer uma coreografia no palco e improvisar tudo como se nada tivesse acontecendo. De ter uma parte do figurino abrindo também no meio do palco e sair, ajeitar e voltar como se fizesse parte da coreografia. Não sou mais virgem, de dormir na grama. Nem de gritar no meio da rua que não estava com frio, mesmo meus amigos insistindo que estava fazendo 5 graus. Até hoje não acredito neles. De assistir uma orquestra ao vivo e dizer que até hoje foi uma das melhores sensações da minha vida. Não sou mais virgem de pão com chocolate, nem café gelado, nem de torta de maçã. Não sou mais virgem de vodka, nem de tequila, nem de cerveja preta. Não sou mais virgem de chorar até cansar e dormir porque um namoro acabou, de chorar vendo filme de amorzinho, de chorar em público e disfarçar com óculos escuro. Já não sou mais virgem de deitar num banco de uma praça só pra ver o movimento da rua. Não sou mais de virgem de pegar o ônibus 4 do outro lado da rua só pra ir até o final da linha porque não tinha o que fazer. E por causa disso, não sou mais virgem de conversar com o motorista, um senhor croata,por mímicas e até não saber o que foi conversado de fato. E por causa disso, fiquei amiga do motorista e recebia um guten morgen, brasilien sempre que pegava o ônibus. Não sou mais virgem de pegar o trem errado e só perceber isso muito tempo depois. Nem mais virgem de faltar aula pra dormir.
Não ser mais virgem das coisas. Não ser mais virgem dos lugares. Não ser mais virgem das comidas.
É disso que falo pra mim todo os dias.
E você aí achando que só se podia ser virgem de pessoas.

-isabellecristhinne


Comentários

Anônimo disse…
muito bom!

Daniel Aragao
Teo disse…
Nem sempre o seu chapéu está no lugar... 'É como ascender o cigarro, colocando entre os dedos, e não dar aquela tragada. Talvez por que você não fume, mas gosta de arte. Curti.
Anônimo disse…
Muito bom!

Daniel.

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